OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO

Parece que foi ontem. Lembro dos meus irmãos comentando comigo que enfim minha hora chegara. Eu nunca havia frequentado a pré-escola e até meus pais, mal podiam perceber quais eram os desafios da educação, ainda naquela época. Minha vida até aquele momento era dentro de casa ou com amigos muito próximos.

Ele meu irmão com pouco mais de um de diferença era meu grande companheiro para absolutamente tudo. Assim, os primeiros ensinamentos sobre leitura e escrita eram dados dentro de casa mesmo. Embora minha mãe não tivesse muito estudo, adora ensinar como ela via o mundo ao seu redor.

SOMOS EDUCADOS COMO NO EXÉRCITO

O medo de ir para a escola era algo apavorante. Passavam os dias e quase que por uma sina do destino eu deveria começar a frequentar aquele lugar que meus irmãos mais velhos tanto reclamavam. Eu tinha muito medo, ou seja, não era um local que eu desejava ir. 

Até aquele momento, quase com meus sete anos completos, era dentro de casa, com meus pais e irmãos a onde a maior noção do mundo era construída em minha mente. Pelas histórias que ouvia, lembrava do que meu Pai contava do exército e pensava. Será que vou estudar ou vou entrar no exército. 

Chegara o primeiro dia de aula. Eu estava com muito medo. Ansioso e desconfiado pois eu ficaria sozinho longe dos meus pais o dia todo. Foram momentos intensos de choro e sentimento de abandono. Assim, entrei para dentro da sala de aula e lá fui convidado a sentar. Mesmo chorando não tive outra opção. Pelo menos, percebi que muitos também choravam e assim um pouco de conforto senti.

NO COMEÇO, TUDO ERA LITERALMENTE NOVO

Aqueles momentos iniciais foram quebrados por uma professora dócil que a seu jeito, quebrava dia a dia o gelo com brincadeira e muita disciplina. A escola era pública, simples, mas regida com muita ordem por uma diretora que parecia saída do exército. 

O regime na verdade era militar mesmo. Dessa forma, na quadra, eram organizados em filas ato toque do sinal. Caminhávamos para a sala sem que muita conversa fosse permitida. Esse rito se repetia todos os dias sendo quebrado uma vez por semana para cantarmos o hino nacional. 

Na hora mais esperada do dia o recreio, poderíamos enfim brincar um pouco, correr um pouco e sermos crianças. Mas sempre havia as tais inspetoras, verdadeiros tenentes do exército que gritavam, apitavam seus apitos e colocavam de castigo todo aquele que não se comportava. 

Novamente a escola por sua disciplina rígida muito pareceria com o tal exército que vinha sempre em minha memória. Os momentos de doçura eram implacavelmente substituídos por uma rigidez sem limites. O que distanciava minha vontade de aprender e enfrentar os desafios da educação. 

OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO – ANO A ANO EU FICAVA MAIS ARREDIO AOS ESTUDOS 

Uma criança apenas quer ser uma criança. Ninguém nasce para ser um soldado. Somos seres humanos e nossa potência é para a felicidade. Aos poucos, fui perdendo a vontade de estudar. Precisei ficar atento aos ensinamentos da professora que mais faziam sentido para mim e desligar algumas regras que lembravam o exército. 

Assim, geografia, ciências naturais e ciências sociais foram os estudos que não deixaram que eu perdesse a vontade de ir à escola. Tinha pesadelos com o ensino da matemática ou do português. Alguns amigos e esse é uma das melhores partes da escola, ajudaram a criar uma conexão com aquilo tudo. 

Dessa forma, quando percebemos que estar dentro deste sistema é algo complicado de fugir, criamos alguns recursos para não enlouquecer. Bem, tem muitos que não suportam. Ano a ano, eu mergulhava naquele exército sempre com um objetivo em mente. Passar de ano e não dar margem para nada. 

NO FINAL O QUE IMPORTA É APENAS A NOTA. NÃO O CONHECIMENTO ADQUIRIDO 

Conteúdos repetitivos, excesso de matérias, trabalhos sem sentido, esses são apenas alguns exemplos da dificuldade que o ensino em seu modelo tradicional apresenta. Complicado demais construir caixas e querer que seres humanos sejam enfiados dentro delas.

Nesse sentido, surgiu a Academia do Aprender. Um projeto que nasceu de um sentimento de inquietação somado a uma crença: a inquietação diante das dificuldades que o sistema educacional encontra em promover uma aprendizagem efetiva e inclusiva e a crença de que todos podem aprender MAIS e MELHOR!

A partir disso, a fundadora Flávia Bosi, percebi que para democratizar a aprendizagem e torná-la verdadeiramente acessível seria necessário aproximar os conteúdos escolares das habilidades reais dos indivíduos, gerando IDENTIFICAÇÃO e CONEXÃO; e assim foi possível descobrir que seria necessário ir além da sala de aula, onde todos são submetidos à mesma linguagem, exemplos e estímulos respeitando as diferenças e a natureza de cada estudante.

Ou seja, somos seres únicos e da mesma forma o ensino deveria levar em conta está individualidade afim dele se modelar a nós e não o contrário.

Por outro lado, uma outra vertente nefasta do ensino é o seu modelo de avaliação. Provas e trabalhos que querem o conteúdo não o aprendizado aprendido. Como avaliar alguém apenas pela nota de um teste? Eis então mais um dos grandes desafios da educação.

Nesse sentido, será que em um mundo a onde a capacidade de conexão emocional, criatividade e liderança são os quesitos mais importantes ainda pode em seu modelo educacional avaliar as pessoas por notas que elas obtêm em um teste?

Contudo, o mais interessante disso tudo é poder perceber ao redor do mundo quantas pessoas não se encaixam neste modelo militar e acabam criando sua própria forma de aprender ou mesmo de questionar todo o sistema.

OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO – CRESCER CAUSA DOR, A QUESTÃO É QUE NÃO QUEREMOS SENTIR DOR

Como em um filme que passa rápido depois que já assistimos, os anos foram passando e logo eu já estava no segundo ciclo do ensino médio. Uma das lembranças que jamais se apagaram da minha mente foram as da cartilha pipoca.

Ela a cartilha, foi junto com a professora Ana Rosa da primeira serie duas experiências completamente antagônicas. A cartilha com sua doçura e minha querida professora Ana Rosa com sua dureza e rigidez. Marcas ficaram para sempre dentro de mim.

Assim, para aprofundar mais sobre o assunto, deixo o convite para você ler um novo artigo em nosso Blog sobre Educação Digital.

Criticar o sistema apenas faz sentido quando somos protagonistas de mudanças, ao enfrentar os desafios da educação, caso contrário acaba se tornando uma fuga da realidade ou mesmo uma insensatez.

Dessa forma, pensar é um ato de dor. Pois crescer dói. Pensar exige coragem mas crescer exige ação. Sou grato por ter tido coragem e força de buscar o ensino que melhor conversava com minha natureza.

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Sobre o autor,

empreendedor

Benício FilhoFormado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós-graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela Universidade Metodista de São Paulo na área de Educação e pós-graduado em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise.
Atualmente também está concluindo o curso de bacharelado em Filosofia pela universidade Salesiana Dom Bosco. Atua no mercado de tecnologia desde 1998.
Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, Cofundador dá Palestras & Conteúdo, Sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), sócio fundador da Agência Incandescente, sócio fundador do Conexão Europa e da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal).
Atua também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras Startups (onde possui cerca de 30 Startups em seu Portfólio), além de participar de programas de aceleração como SEBRAE Capital Empreendedor, SEBRAE Like a Boss, Inovativa (Governo Federal) entre outros.
Palestrando desde 2016 sobre temas como Cultura de Inovação, Cultura de Startups, Liderança, Empreendedorismo, Vendas, Espiritualidade e Essência, já esteve presente em mais de 230 eventos (número atualizado em dezembro de 2020).
É conselheiro do ITESCS (Instituto de Tecnologia de São Caetano do Sul), bem como em outras empresas e associações. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas” e em dezembro de 2020 “Do Caos ao Recomeço”.