Sabemos que o mundo do trabalho mudou, mas não tenha medo, você não será substituído pela Inteligência artificial se começar, agora mesmo, a desenvolver as chamadas Soft Skills. Esse é um termo que surgiu na década de 70 no contexto militar, mas hoje é amplamente utilizado no ambiente corporativo para designar as habilidades sociais e comportamentais indispensáveis para todo profissional.
Após o período de pandemia, muitas instituições desenvolveram pesquisas e levantamentos para saber quais são as habilidades necessárias para o profissional do futuro. E neste artigo, além de considerar os dados levantados, pondero as opiniões de gestores e colaboradores com os quais tenho trabalhado, e que confirmam na prática o que as pesquisas apontam como tendência: as soft skills são ferramentas para fortalecer os profissionais e garantir uma convivência produtiva com a inteligência artificial no ambiente de trabalho.
Soft Skills que não deixam você ser substituído pela IA
1. Comunicação assertiva
Começo pela habilidade mais requisitada, talvez pelo seu caráter prático e diretamente aplicável no dia a dia, seja no ambiente de trabalho ou nas relações pessoais, porém, mesmo assim, ainda é pouco compreendida. Há quem diga que o problema na comunicação está em ser tímido ou no medo de falar em público, mas esses são fatores relativamente simples de se resolver. A grande problemática está em saber como a comunicação deve ser realizada nos diferentes ambientes e com a diversidade de pessoas com as quais nos relacionamos.
Então, para desenvolver uma comunicação assertiva, comece praticando uma escuta ativa. Prestar atenção ao que os outros estão dizendo, sem interromper ou julgar, te dará elementos para promover uma conversa coerente, para que as expectativas sejam alinhadas. Só é possível construir acordos positivos para ambas as partes quando estamos interessados em compreender o ponto de vista do nosso interlocutor.
A fim de evitar erros de interpretação, seja claro e objetivo ao expor suas ideias e considere a utilização de uma linguagem adequada para cada pessoa, ambiente e meio de comunicação que está sendo utilizado. Se algo não estiver claro para você, peça explicações e faça perguntas. Não tenha medo de se expor, trazer suas dúvidas e questionamentos demonstra atenção e interesse ao que está sendo comunicado, ajudando a evitar mal-entendidos.
E por último, mas não menos importante, lembre-se de que o corpo fala! Observe sua linguagem corporal e considere que a comunicação não verbal é tão importante quanto as palavras que você diz. Mantenha contato visual, sorria quando for o caso, mantenha-se concentrado e disponível ao ouvir as dificuldades do próximo, não subestime os pensamentos e sentimentos daqueles que se dispõe a compartilhá-los com você. Mantenha uma postura aberta para mostrar interesse e empatia, mesmo quando estiver lidando com conversas desafiadoras. O mais importante é buscar um entendimento.
2. Criatividade
A criatividade vai além de ter uma ideia, ela implica em encontrar soluções viáveis em situações improváveis. E essa é uma habilidade que não pode ser substituída pela Inteligência Artificial. Ou seja, a criatividade humana é capaz de sugerir saídas em contextos não esperados, e mesmo que não se tenha uma base de dados ou conhecimentos anteriores mapeados. E se o humano for brasileiro, então, criatividade não falta!
Brincadeiras à parte, naturalmente utilizamos nossos sentidos para perceber o ambiente e as pessoas que nos cercam. Essa capacidade está relacionada ao nosso potencial evolutivo, pois foi encontrando saídas inovadoras para as mais diversas situações que chegamos até aqui, não é mesmo? E também foi como produto da criatividade humana, que surgiu a inteligência artificial.
E se fomos capazes de criar a inteligência artificial, isso significa que somos criativos demais para que ela possa substituir o nosso potencial. Mas para que a criatura não domine seu criador, é necessário continuar caminhando para o desenvolvimento dessa máquina mais que perfeita que é o nosso cérebro.
Portanto, acredite no seu potencial criativo e exercite a criatividade. Uma boa dica é a prática do pensamento lateral, técnica desenvolvida na década de 60 pelo inglês Edward de Bono, que propõe a busca por soluções disruptivas e inesperadas, mesmo quando um determinado problema já tem uma solução conhecida.
Outra forma prática de estimular a criatividade é se expor a diferentes culturas e perspectivas. Aproveite momentos de viagens para interagir e conhecer outras culturas, se permita compreender o ponto de vista e os pensamentos das outras pessoas, mesmo que a princípio pareça estranho para você. Exercitar o raciocínio na direção de diferentes pontos de vista também é uma forma eficiente de expandir seus horizontes e inspirar novas formas de pensar.
Caso você tenha dificuldade em pensar “fora da caixinha” nas suas atividades de rotina, procure um amigo e tente ajudá-lo com algum problema que ele está tentando resolver. Geralmente, quando não estamos envolvidos emocionalmente com um problema somos mais audaciosos e criativos ao propor soluções, e, falando em emoções, já podemos passar para nossa terceira habilidade, a inteligência emocional.
3. Inteligência Emocional
A inteligência emocional é o ponto final desse artigo, mas poderia também ser o princípio ou até mesmo o centro, já que é uma das soft skills mais importantes, de modo que o profissional que possui inteligência emocional dificilmente poderá ser substituído pela inteligência artificial.
E para que você não ache que eu estou “puxando a sardinha” para o potencial humano, perguntei para a própria Inteligência Artificial porque ela não tem inteligência emocional, e destaco abaixo a resposta (pontos copiados do modo como a IA respondeu):
· Falta de experiência emocional: A IA não possui experiências de vida nem emoções subjacentes, pois é alimentada apenas com dados e algoritmos.
· Ausência de consciência: A IA não possui consciência própria nem autoconsciência, portanto, não pode perceber suas próprias emoções.
· Falta de empatia genuína: Embora a IA possa ser programada para reconhecer e responder a emoções humanas, essa resposta não é genuína ou sentida, apenas um cálculo baseado em padrões de dados.
· Natureza lógica: A IA opera com base em lógica e algoritmos matemáticos, enquanto as emoções humanas muitas vezes são irracionais e subjetivas.
· Falta de compreensão contextual: A IA não consegue entender completamente o contexto social e cultural em que as emoções humanas se manifestam.
A IA trouxe cinco aspectos que a impedem de ter inteligência emocional, e deles destaquei palavras-chaves que nos ajudam a extrair algumas lições sobre como desenvolver a inteligência emocional. A primeira delas é estar aberto a vivenciar experiências emocionais. Para isso, é necessário se expor a situações desafiadoras e lidar com elas de forma consciente (já partindo para o segundo ponto, a consciência).
Estar consciente é uma capacidade humana, o que não significa que todos os seres humanos são bons em exercitar a consciência e, principalmente, a autoconsciência. E é justamente esse o fator que pode nos impedir de desenvolver inteligência emocional. Portanto, pratique se questionar de forma intencional. Pergunte a si mesmo o que te leva a acreditar naquilo que você acredita? Porque você se comporta como se comporta?
Considere feedbacks e opiniões a seu respeito. Não é para se limitar a opinião dos outros, mas se atente ao fato de que podemos ter uma visão distorcida sobre nós mesmos, e a visão daqueles que convivem com a gente pode nos dar pistas importantes para uma reflexão mais profunda. Lembre-se: é pelo rastro que conhecemos o caminhante. Quais rastros você deixa por onde você passa?
Ter empatia genuína significa prestar atenção ao outro buscando compreender o que ele tem de melhor a oferecer. Abra mão dos julgamentos, esqueça o passado e sinta todo o potencial que aquele contato pode oferecer no aqui e agora. Afinal, se for para mapear informações lógicas e calcular uma probabilidade, a Inteligência Artificial é a melhor candidata. Dê oportunidade ao potencial dos relacionamentos e você não será substituído pela inteligência artificial.
Finalmente, abra mão dos preconceitos. Você é capaz de compreender os vários contextos que as pessoas se inserem, você é capaz de perceber e expressar o que sente. E mesmo quando não concordamos, sempre é possível manter uma relação de respeito e aprender um pouco mais com o ponto de vista do outro. Afinal, não somos uma inteligência artificial, somos uma inteligência real! Aproveitemos!
E se você quer aumentar o potencial de entrega da sua equipe, comece agora mesmo a investir no desenvolvimento das Soft Skills no seu time! E SIM, As Soft Skills podem ser aprendidas, e nós podemos te ajudar na construção da estratégia de aprendizagem que vai tornar esse processo significativo e aderente ao perfil dos colaboradores e às necessidades da sua empresa.