Como ensinar Biologia para um adolescente no Espectro Autista
O seu filho adolescente, que está no espectro autista, também pode aprender biologia. Eu te explico nesse artigo como nós da Academia do Aprender fazemos isso!
Adolescentes no Espectro Autista
O Autismo é um transtorno de desenvolvimento diagnosticado com base em deficiências sociais e de comunicação que surgem precocemente e em padrões rígidos e repetitivos de comportamento e interesses por parte do indivíduo. A manifestação destes varia muito com a idade e capacidade. A noção de um espectro autista foi introduzida para reconhecer essa diversidade.
Ensinando a 1ª Lei de Mendel para um adolescente no Espectro Autista
A didática é uma ciência mutável, como grande parte de todas as ciências. Hoje, já sabemos que existem diversas formas de ensinar e outras tantas de aprender.
Nesse artigo, explico como preparei uma aula sobre a 1ª Lei de Mendel usando a metodologia da Academia do Aprender para um adolescente no Espectro Autista.
A primeira informação que a gente precisa é: ter META. A meta dessa minha aula foi que meu aluno conseguisse compreender sobre dominância e recessividade de forma básica.
Eu usei as famosas ervilhas de Mendel. Até tentei com uma flor, mas ele não conseguiu entender nada.
Assista o vídeo abaixo e entenda como eu construí essa aula incrível:
Desse modo, parti então, para a nossa metodologia. Usei algo que meu aluno gosta, tem afinidade e conhece. Usei O Rei Leão.
Expliquei para o meu aluno que uma característica “vem” do pai e outra da mãe e assim temos os descendentes com características similares.
Sabe o que é o mais legal disso? Ele foi me falando os nomes dos personagens do filme, aquele é o Mufasa, aquela é a Sarabi e ali está o Simba. Eu inclui meu aluno na aula, ele trouxe o que ele sabe e eu dei as informações biológicas de forma super simples para que ele pudesse construir o raciocínio.
Eu não usei os nomes alelos, gametas, hereditariedade, expliquei com as letras, Maiúsculo e Minúsculo.
Depois de um primeiro exemplo eu o fiz pensar com outro exercício. Dessa vez, usei Harry Potter:
Ele começou a tirar a barreira que havia construído em torno da genética, já que ele está familiarizado com esses rostos, com essas imagens e sente afeto por isso. Eu trabalhei todas essas informações em prol da aprendizagem do meu aluno. Usei o famoso “azinho azinho” para os olhos azuis do Harry Potter e da Gina. Mostrei o conceito de recessividade.
Essas perguntas que estão na imagem, são diretas e fazem menção às letras, repetidamente e didaticamente eu trago isso para o meu aluno. Ele respondeu as duas questões de forma correta.
Continuei nessa linha de trazer algo que ele já sabe e fazer conexão com os conteúdos escolares. A minha meta nunca foi que ele aprendesse com exatidão a aplicar a 1ª Lei de Mendel, mas que ele entendesse o conceito básico de dominância e recessividade.
Com uma última atividade criei a da imagem abaixo:
O meu aluno odeia cebola, não pelo gosto e sim pela textura (algo bem comum para pessoas no espectro). Por que então colocar algo que ele não gosta? Porque dessa forma eu tenho certeza que ele não só vai falar sobre a aula, mas vai trazer alguma conversa sobre a cebola. Parece algo tão simples para gente no alto da nossa tipicidade, porém, nesse momento meu aluno está conversando comigo, no meio de uma aula de genética sobre algo que ele já experienciou, ele está se sentindo parte desse momento, e o mais importante: ele se sente seguro. Agora ele sabe que não tem problema errar, porque nós estabelecemos uma relação de confiança, uma relação de que ele está me ensinando algo e eu estou retribuindo esse ensinamento com outras informações que ele precisa para acompanhar os conteúdos escolares.
Depois da aula eu aplico a Verificação. São questões montadas num formulário e que ele faz sozinho. Com base nesses resultados, eu consigo avaliar o que meu aluno fixou e o que ele precisaria rever com mais rapidez.
Para alegria dessa professora aqui, ele acertou todas as questões. Mais uma vez, as questões trazem conceitos básicos de genética sempre associada a algo que ele já saiba.
Leia também: Minha experiência ensinando alunos no Espectro Autista
O fato é que todo mundo aprende. Como professora, além de saber elaborar uma aula voltada para a atipicidade do meu aluno, eu também preciso entender o que de fato daquele conteúdo ele tem aptidão e até mesmo necessidade de aprender. Não é um trabalho fácil, nem o de montar a aula, muito menos o de “escolher” o que ele aprende ou o que ele não aprende.
Nos meus anos de ensino eu decidi que, o que ele pode trazer para vida dele, o que ele sente mais afinidade, o que pode ser usado por ele como o início de uma conversa, uma socialização, precisa ser passado.
Se eu consigo fazer isso de uma forma mais agradável que não o leve para o lado de temer a escola por não entendê-la, eu cumpri meu papel.
Nós, da Academia do Aprender, temos método próprio para um ensino efetivo e afetivo. Converse com a gente e conclua que uma aula dedicada, planejada e construída para seu filho pode fazer toda diferença tanto no aprendizado quanto na socialização do seu filho.
Agende uma aula experimental! Será um prazer conversar com você sobre o universo da aprendizagem.
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Sobre a Autora,
Daniela Camporez
Graduada em Biologia pela Universidade Federal do Espírito Santo, Mestra e Doutora em Biotecnologia pela Universidade do Espírito Santo com ênfase em doenças neurodegenerativas. Pós graduada em Educação Inclusiva pelo Centro Universitário UniAmérica. Sócia da empresa Academia do Aprender. Atua atualmente como Professora e Coordenadora da Academia do Aprender.